terça-feira, 4 de novembro de 2014

Mania de Recordar - Carta de repúdio ao Marcelo Tas, por Oscar Filho

Foto: Mila Maluhy
COMO ASSIM você deixa o programa, Marcelo Tas??? Tá louco???

Não… eu te entendo! Foram seis anos de programa e muita coisa aconteceu: prêmios e críticas, beijos e tapas, conquistas e perdas. Acontecimentos e tempo o suficiente pra sentir a necessidade de renovação.

Volto, então, pra 2008 quando eu era nada conhecido e chegava nas festas, coberturas de playboy, premiações, lançamentos de livro e olhavam pra mim com uma cara estranha meio que perguntando pra si: “Quem é você?”. Olhavam pro cubo que estava no microfone e associavam mais imediatamente ao teu nome do que ao nome do programa.

- “Ah, adoro o Marcelo. Manda um beijo pro Tas”.

Se hoje sou reconhecido nas ruas, além de ser pelo meu trabalho, também é muito por sua causa. Você emprestou seu prestigio pessoal pra alavancar o programa e, indiretamente, a mim.

“Ô Pequeno Pônei, manda um abraço pro careca lá!”. Ouço muito isso na rua, no cinema, no shopping, durante as gravações do Proteste Já… Nunca mandei, mas mando agora: Tas, MUITAS, MUITAS, MUITAS pessoas me falaram isso. É um número estratosférico! 

Nem sei se imagina.

Por algumas vezes, quando acontece isso, penso: caraca, o Tas é o cara que fez um sucesso enorme com o Professor Tibúrcio há décadas e, depois de tanto tempo, em outro momento da vida, ele volta a se destacar com algo que não tem absolutamente nada a ver com aquele personagem. Várias pessoas sequer imaginavam ser o mesmo artista. Poucos são capazes de fazer sucesso em momentos tão distintos da vida! Sem falar no poderoso Ernesto Varela, personagem que conheci e nem me passava pela cabeça que trabalharia com o seu criador.

Em 2011 fui convidado pra apresentar o CQC ao seu lado. Não seria fácil fazer isso, dadas as circunstâncias. Como você ancorava o programa há 4 anos, e mesmo com toda a sua experiência na TV, imaginei que a sua atitude seria algo próximo a “sentaí e aprende comigo” quando me sentasse na bancada no primeiro dia. Afinal, você e o Luque tinham tanta química, se conheciam tanto que me restaria apenas dançar conforme a música.

E não foi nada disso. Sua generosidade em me observar e me ouvir, me dar espaço pra que eu pudesse improvisar me fizeram te admirar ainda mais.

Sendo assim, meu repúdio é bem egoísta. Gostaria que continuasse no programa e me ajudasse a manter minha lembrança emotiva viva e fresca dessa época. Mas eu sei que isso tem que acontecer independente da sua escolha e do que está por vir, né?

O tempo passa, as coisas mudam, a fila anda. “Pedras que rolam não criam limbo”. Marcelo Tas: like a rolling stone!

Desejo felicidade, diversão, serenidade, força, alegria, sucesso, brilho, e mais uma pá de coisas boas que a gente deseja nesses momentos.

Força na peruca e manda ver como tem feito.

Um beijo enorme!!!

Oscar Filho
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