No Brasil, estima-se que seis milhões de mulheres tenham endometriose. Mas muitas delas ainda nem sabem, já que a doença pode se manter em silêncio e demorar até 7 anos para ser diagnosticada.
Em muitos casos a endometriose só vem à tona com o diagnóstico da infertilidade: 30% das mulheres inférteis tem a doença. O crescimento excessivo do endométrio pode obstruir a tuba uterina, causando a dificuldade de engravidar.
Sem causa exatamente estabelecida, é preciso ficar alerta com sinais que indicam o aparecimento da doença, explica o ginecologista e especialista em reprodução humana Augusto Bussab, da clínica de fertilização Augusto Bussab.
Um dos sinais de alerta de que algo pode estar errado é o aumento da cólica menstrual. “Se a mulher sempre teve uma cólica com uma intensidade, e depois ela começa a aumentar muito, é necessário que ela consulte um ginecologista para avaliar”, explica Bussab. O aumento da cólica, segundo ele, pode ser característica da doença. “O endométrio fora do útero também vai sangrar um pouco durante a menstruação. E sangue no abdômen dói, por isso aumenta a cólica”.
Os especialistas recomendam que se consulte um ginecologista anualmente e, se a paciente notar alguma alteração no organismo nesse meio tempo, que antecipe a próxima consulta. “É uma doença de evolução lenta, pode levar até anos, mas é preciso tratar o quanto antes”, explica Bussab.
Sinais de alerta para procurar ajuda
- Cólica intensa: a ginecologista Graciela Morgado explica que um dos sinais é a cólica que não passa nem com analgésicos. “A mulher tomava analgésicos antes e a cólica melhorava. Se agora, ao longo dos anos, a cólica ficou mais intensa e os analgésicos não aliviam a dor como deveriam, é sinal de alerta”, explica.
- Dor para ter relação sexual: Graciela explica que é mais um sinal da endometriose e é necessário procurar um médico caso a mulher tenha esses sintomas.
- Dor na bexiga: segundo Graciela, a dor é semelhante à da infecção urinária e piora na menstruação.
- Dor para evacuar: a ginecologista explica que esse é um dos sinais da endometriose profunda. Bussab acrescenta que mulheres nessa condição podem até perder sangue via retal.
Diagnóstico e tratamento
Para a detecção da doença, é necessário que a mulher faça uma ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal (com o intestino vazio). Como complementação, uma ressonância magnética de pelve completa o diagnóstico. Com a confirmação, o médico irá decidir pelo melhor tratamento.
Os especialistas explicam que existem tratamentos medicamentosos, hormonais e cirúrgicos para a melhora da endometriose. Pílulas anticoncepcionais e DIU que liberam hormônios poderão ser usados, lembrando que cada caso é avaliado individualmente pelo médico. A opção quando os medicamentos não são suficientes é a cirurgia por videolaparoscopia, que é por meio de um aparelho que entra pelo umbigo e retira as lesões visíveis da endometriose.
Nem todo caso é preciso cirurgia. “A cirurgia é feita em alguns casos, seguindo alguns critérios, sendo um deles a dor”, explica Bussab. “Existem alguns tratamentos clínicos com hormônios que melhoram a endometriose sem precisar operar”, explica.
Segundo Bussab, mesmo depois da cirurgia, não há garantia de que a endometriose jamais irá voltar. “Quando se diz que na gravidez a doença melhora, isso acontece pelo fato da mulher não menstruar, mas não há como garantir também de que a endometriose não irá voltar depois de que a mulher tem o bebê”, explica.
Fonte: Saúde Ig