domingo, 15 de setembro de 2013

Mania de Casal - Filhos atrapalham a intimidade do casal?

Matéria bem legal que lemos no blog "Sexo e Prazer", da educadora sexual Flaviane Brandemberg

Para a maioria dos casais, o nascimento de um filho é sinônimo de felicidade e realização de um sonho. Há quem acredite que um bebê pode até salvar um casamento em crise. Mas é possível que essa nova pessoinha que, de repente, começa a fazer parte da sua, desestabilize ainda mais a vida a dois, principalmente em recém-casados. Como então saber qual é a melhor decisão para o casamento?

Sem dúvida, as crianças trazem muita alegria ao casamento. Porém, com o nascimento dos filhos, muitos casais acabam se afastando e deixando o romantismo de lado. A vida corrida do dia a dia e o estresse são as desculpas mais frequentes para esse afastamento.

Além disso, alguns comportamentos observados em diversos lares complicam ainda mais essa situação como, por exemplo, os filhos pequenos que dormem frequentemente na cama dos pais, tirando sua privacidade; casais que deixam de fazer programas a dois como jantar fora ou fazer um passeio romântico, entre outros.

Muitos problemas começam quando os pequenos pedem para dormirem na cama com os pais. É normal que os filhos queiram dormir na cama dos pais. Eles vivem a fantasia de serem atendidos em todas as suas demandas. Essa é a primeira forma de fazerem contato com o mundo, pois sua percepção é egocêntrica, ou seja, eles se veem como centro do universo e, como tal, é natural desejarem ocupar todos os espaços.

Cabe aos pais construir o limite entre o que o filho deseja e o que é possível realizar. Esse limite é importante para ajudar a criança a desenvolver autonomia e tornar-se um adulto independente emocionalmente. Mas a vida impõe limites e se isso não acontecer desde cedo, provavelmente irá gerar conflitos mais à frente. É necessário não confundir limite com desamor, pois não estamos falando de barreiras, estamos falando de espaços individuais.

Limite promove autonomia saudável, permitindo um relacionamento com o mundo também de forma saudável. Uma criança educada com limites cresce fluindo nos espaços alheios sem se tornar um invasor indesejado. Em uma pesquisa realizada pelo site Clic Filhos, a partir de uma enquete com 194 homens e 128 mulheres, chegou-se a conclusão que a frequência das relações sexuais diminuiu (86% dos homens e 85% das mulheres). Os participantes também responderam que estão insatisfeitos com sua vida sexual (94% dos homens e 81% das mulheres). As relações sexuais estão monótonas (33% dos homens e 38% das mulheres).

Entre as mulheres que disseram que a frequência sexual diminuiu, 46% dizem não sentir mais desejo e 26% disseram estar cansadas demais. Dentre os homens, 61% alegaram falta de desejo da mulher e 20% dos homens justificaram com a falta de privacidade por causa das crianças. A pesquisa confirmou ainda que a maioria dos casais com filhos fazem menos sexo. Quanto menores são os filhos do casal, menos sexo. Quando tem filhos, o homem perde a mulher fogosa e atraente que tinha, consequentemente com uma rotina de menos sexo.

Eis que vocês devem me perguntar: Flaviane, mas então o que o casal pode fazer para manter a chama sempre acesa?

A criatividade e generosidade são as palavras de ordem. É preciso aprender a lidar de forma generosa com as mudanças que um filho promove na vida. O casal tende a vivenciar muitos impedimentos no relacionamento. Na prática, o tempo torna-se escasso e a disposição para intimidade também. Essas alterações são de certa forma naturais, porém, é preciso ter atenção para evitar o afastamento do casal em si. É necessária a proximidade emocional não só para dividir as tarefas, como para desfrutar das alegrias em torno do filho. Cuidar da família, em parceria, ajuda a revitalizar as energias individuais e, com isso, o canal criativo permite aproveitar os pequenos espaços de tempo nos quais a chama pode não só acender, como queimar.

Enfim, dando atenção ao filho em conjunto, sobra tempo e energia para a atenção mútua. No que diz respeito à maternidade/paternidade, existe, por um lado, muita fantasia em torno desse momento e, por outro lado, a repressão dos sentimentos negativos em relação ao choque de uma nova realidade. É preciso diminuir as expectativas de perfeição e controle que circulam em torno dessa experiência geradora de tanta ansiedade.

Na medida em que aceitamos generosamente as frustrações diante da realidade cotidiana da chegada de um bebê na família, torna-se possível criar espaço criativo para desfrutar a beleza do relacionamento parental. Existem dias difíceis, não há como negar; são muitas as novidades e sua respectiva falta de experiência, porém, quem já não se emocionou com um primeiro sorriso ou primeiro passo de um filho? A vida tem diversas vertentes e cada uma com sua especificidade positiva e negativa. Resta permitir a caminhada enquanto família, atravessando, desfrutando e integrando as diversidades.
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