Tchuco e Tchuca formam um casal como tantos outros que estão por aqui no Mania. Rafael Mufalo (o Tchuco) e Renata Lujan (a Tchuca) completam este ano, exatamente no dia 26 de dezembro, 10 anos de relacionamento. Se conheceram em uma festa na cidade de Aparecida do Bonito, uma vila do município de Santa Rita D´Oeste, próximo a divisa com o Mato Grosso do Sul. Desde que ficaram juntos pela primeira vez, nunca mais se separaram. "Foi mágico, foi lindo, foi químico, foi fogo e gasolina!!! Eu não imaginava que aquela aventura poderia dar em alguma coisa séria", explica Renata Lujan.
Além de eternos namorados, consideram-se grandes amigos e confidentes. Gostam de música sertaneja antiga, shows, viagens e reunir os amigos e familiares para longos bate papos.
Apesar da forte ligação, também possuem diferenças. "Ele é organizado e eu sou desorganizada num nível ultra mega master. Eu gosto de estudar e ele detesta. Eu adoro internet e ele acha isso uma loucura. Ele dorme profundamente e eu tenho insônia", confessa a "Tchuca".
O casal possui uma história incrível de amor, crises e demonstrações de companheirismo que certamente servirão de inspiração para muitos casais. É por este motivo que trouxemos a história deles para o Mania de Casal, contada pela Renata Lujan.
Nos conhecemos há quase 10 anos, em uma viagem que fizemos para Aparecida do Bonito, uma vila no município de Santa Rita D’Oeste, interiorzão de São Paulo, na divisa com Mato Grosso do Sul.
Ele morava em Campinas e foi passar as festas de fim de ano em Santa Rita D´Oeste com um amigo. Eu fui visitar minha avó que morava nessa vila. Recebemos então um convite para irmos a uma festa da cidade e como ele não conhecia ninguém, fomos juntos. Não nos separamos mais, até as férias acabarem. Foi mágico, foi lindo, foi químico, foi fogo e gasolina! Eu não imaginava que aquela aventura poderia dar em alguma coisa séria, eu não sabia se Campinas era longe ou perto, eu pensava que namorar a distância seria totalmente improvável, por isso eu aproveitei meu amor de verão.
Quando fomos embora, cada um para sua cidade, trocamos telefone e nos falamos por uma semana. Depois de 5 dias, ele estava na porta da minha casa. E daí, não nos “desgrudamos” mais. A distância nos impossibilitava de se encontrar com mais freqüência, por isso, TODOS os fins de semana estávamos juntos, eu ia em um, ele vinha em outro, e aos poucos fui percebendo que Campinas era mais próxima de São Paulo do que eu havia imaginado.
Quais são as principais atividades do casal?
Como desde o início nós passávamos o fim de semana inteiro juntos, nossos momentos de lazer sempre eram JUNTOS!! Sair para comer, lanchar, tomar uma cerveja, tudo isso era regra. Começamos a ter nossos amigos e a reunião com eles para fazer churrasco passou a ser freqüente. Eu e o Rafa, mesmo antes de estarmos juntos, sempre íamos em rodeios, shows sertanejos e depois que começamos a namorar, passarmos a ir juntos. Fomos em Barretos por 9 anos seguidos e tudo era motivo para fazer as malas e bater perna por aí.
Como você descobriu que estava com câncer de mama e os processos que passou com o diagnóstico da doença?
Eu e o Rafa passamos por uma crise quando estávamos para completar 7 anos de namoro. Ele havia perdido o emprego, estava deprimido e eu estava muito preocupada com a minha mudança de emprego. Eu sou professora e havia conseguido ingressar na Prefeitura de SP. Foi a primeira vez que estávamos mais preocupados com nossas individualidades e começamos a nos afastar, quase nos separamos. Foi então que ele conseguiu um emprego aqui em SP e veio de mala e cuia para minha casa. Para mim foi um choque! No início quase enlouqueci. Eu morava sozinha e realmente foi um período difícil, mas Deus sabe de todas as coisas, e Ele resolveu mandar o Rafa para cuidar de mim. Tempos depois de estarmos juntos, eu fiquei doente pela primeira vez, tive câncer de Tireoide, operei em 2011 e fiquei ótima. Dez meses depois nós tínhamos superado todas as diferenças, o Rafa estava trabalhando, eu também, estávamos prosperando, estávamos felizes e então resolvemos nos casar. Quem nos acompanhou naquela fase, viu o quanto eu e ele nos envolvemos com a organização do casamento, fizemos planos, mobilizamos nossas famílias, amigos (q são muuuuuuitos, graças a Deus) e começamos a fechar os contratos, tudo como mandava o figurino.
Pois bem, após definir igreja, Buffet, convites e vestido de noiva com véu quilométrico, parecia que nada de errado poderia acontecer. Era só esperar o grande dia chegar, mas não foi bem assim... Em janeiro, ao fazer o autoexame durante o banho, eu percebi minha mama estava endurecida, não era caroço, era um inchaço, procurei meu médico, fiz todos os exames (mamografia e ultrassonografia) e com os resultados, eu descobri que antes do casamento eu teria que enfrentar o maior desafio da minha vida: O CÂNCER DE MAMA! Eu descobri a doença no momento mais lindo da minha vida e sinceramente, ainda não sinto tristeza. Fiquei muito assustada e me lembro de chegar em casa, sentar no sofá, olhar pro Rafa e dizer: Acho que vamos ter mais uma história para contar. Vamos passar por momentos difíceis, mas eu vou aguentar.
Ele me olhou, chorou... choramos...e naquele momento nossa união foi maior que qualquer contrato de casamento. Eu havia aceitado o Rafa na minha vida e naquele momento, ele estava me aceitando sem saber o que iria me acontecer. Naquele dia eu entendi todos os propósitos que o fizeram vir para São Paulo e graças a Deus, ele estava aqui comigo. Teria sido muito difícil morando sozinha, mesmo com uma família maravilhosa como a minha, o Rafa foi a pessoa que esteve do meu lado, me consolando quando minha esperança ia embora e a vontade de desistir era latente. E assim seguimos. Nosso casamento? Ele me disse que nada mudaria e o casamento ia acontecer.
Após aquele dia, minha vida mudou totalmente, minha rotina passou a ser, médico, exames, notícias ASSUSTADORAS sobre infertilidade, tratamento para preservar fertilidade, queda de cabelos, quimioterapia, cirurgia, radioterapia, cinco anos de tratamento, nódulos espalhados pela mama e axila, enfim, UMA LOUCURA. Tive que me afastar de tudo que mais gostava: meu trabalho e minhas festas de fins de semana. A medida que o tratamento foi avançando, os efeitos colaterais foram aumentando: inchaço, escurecimento da minha pele, enjoos, ausência de pelos e cabelos e a tão temida imunidade baixa.
Tudo isso, concomitante com a organização do casamento. Fiz muitas adaptações no vestido, comprei peruca, cola de peruca. Tive q mudar muitas coisa para o casamento. Inicialmente a festa seria bem maior, com todos meus amigos queridos. Mas com todas as limitações do tratamento, resolvemos fazer uma festa menor, somente com a família, pois seria um risco para mim e para minha saúde. Procurei todas as empresas que eu havia contratado (Buffet, igreja, e foto) para contar o que havia acontecido e todos me ajudaram muito, tanto que hoje são meus amigos. Foram tantos detalhes...
"O casamento mudou o foco da minha vida e me salvou de viver o câncer de forma triste porque eram tantas coisas para resolver: músicas, cores, tecidos, que a doença ficou em segundo plano e o tempo tem passado mais depressa."
Assistindo o vídeo, percebe-se que você é uma mulher bonita e vaidosa. E pós tratamento do câncer chegou o momento que você raspou o cabelo. Qual foi a fórmula que você utilizou neste momento para manter a sua auto estima alta e sob controle?
Obrigada! Hoje me vejo muito mais vaidosa do que antes, parece que ter pelos e cabelos facilita a
produção para ficarmos bonita e com a ausência de tudo isso, temos que correr atrás de truques para ficarmos bonitas. Quando descobri que estava com câncer, minha principal preocupação foi o cabelo. É inevitável! Depois, aos poucos, vamos entendendo que o foco é a cura, é a vida, e no meu caso não demorou muito para a ficha cair. Portanto, eu decidi viver, e decidi não sofrer pelo cabelo, ou por qualquer outro motivo “menos” importante. Não é fácil, mas tenho “treinado” meus pensamentos para coisas positivas. Então, após saber que perder os cabelos seria inevitável, resolvi cortá-los antes deles caírem. Pesquisei na internet e descobri um salão que usava uma técnica de cortar, “amarrar” e guardar o cabelo, assim seria possível reaproveitá-los e utilizá-los como aplique quando os meus voltarem após o tratamento. Assim eu o fiz. Também comprei muitos lenços e revirei essa cidade atrás da “peruca perfeita” para casar. Houveram muito momentos divertidos, mas cortar o cabelo foi um choque. Até hoje me emociono ao lembrar de quando me olhei no espelho e não me reconheci. Minha irmã raspou meus cabelos e eu me senti a Carolina Dickmam na novela do Manoel Carlos.
Eu e minha irmã cantamos até aquela música “lazarenta” e antes que aquilo tudo virasse um drama, começamos a dar risadas. Daí em diante, todos os reflexos da minha imagem eram assustadoras. Ainda bem que existe a internet, pois foi pesquisando, trocando ideias, perguntando para outras mulheres e fazendo amizades, que fui aprendendo a gostar de mim. O Rafa também me ajudou muito!
No Facebook há algumas páginas que são muito bacanas: Quimioterapia e Beleza e também o grupo Amigas do Peito. Foi minha salvação, pois todas as dúvidas, dicas, exemplos, me ajudaram muito, por isso gosto de contar minha história, talvez sirva para ajudar alguém que esteja nesse momento recebendo esse diagnóstico tão assustador e ao ver mulheres que enfrentam e superam, talvez isso dê mais coragem à elas.
Frequentemente campanhas sobre o câncer de mama são realizadas, mas muitas mulheres ainda se sentem desencorajadas a realizarem o autoexame ou de visitarem um médico. Pela sua experiência, o que você pode passar de encorajador para quem tem medo deste tipo de situação?
Meu exemplo é o seguinte: Não há em minha família casos de câncer de mama. Todos meus parentes estão vivos e saudáveis, principalmente as mulheres e eu achava que essa era minha “imunidade”, que por não ter fator hereditário, eu nunca teria câncer de mama. Por isso esse era um assunto que não me interessava, mesmo eu tendo tido câncer um ano antes na tireoide.
No entanto, eu sempre tive o hábito de hidratar a pele, então eu tinha consciência do meu corpo, eu sabia o que era normal e o que não era. Por isso, quando eu senti um pequeno inchaço na mama, eu sabia que aquilo não era normal, mas NUNCA passou pela minha cabeça que pudesse ser grave. Eu demorei um mês e meio entre procurar o médico, fazer e receber exames, e nesse um mês e meio, eu vi aquele inchaço crescer, e o resultado foi: nódulo de 6 centímetros na mama. Temos que sempre estar atentos ao que o nosso corpo diz. Hoje em dia ninguém está livre do câncer de mama. Vejo meninas de 20, 25 anos enfrentando esse problema. Eu tenho 33 e nunca havia feito a mamografia, por isso, devemos sempre estar atentas. A mamografia é geralmente feita em mulheres acima dos 40.
"O diagnóstico de câncer de mama é assustador, mas tem cura se descoberto a tempo, por isso, nós mulheres temos que estar sempre atentas, fatores como: alteração de peso, sedentarismo, consumo de bebida alcoólica, uso do anticoncepcional (em alguns casos), tudo isso pode ter contribuído com o aparecimento do meu problema, por isso, atenção redobrada e exames periódicos é fundamental."
Somos uma página que retrata o amor entre os casais e certamente você tem muita coisa para falar sobre o seu marido, que esteve e está ao seu lado durante todos estes momentos difíceis. Qual mensagem você deixa para ele para deixarmos registrado o seu amor por ele em nosso blog?
Pensar no que eu diria para ele, me deixou emocionada...
Eu costumo dizer que o Rafa é meu sapo que virou príncipe....rs. Meu companheiro dessa vida, que me fez bonita mesmo sem cabelos, cílios, sobrancelha... Porque o que nos uniu é maior, não se vê, não se mede...
Não é um conto de fadas, perfeito e acabado. É um conto de gente, que mesmo tendo todos os motivos para desistir, resolve ficar porque estar junto é o bastante.
Eu hoje sou muito feliz, porque eu vivo com o o amor da minha vida. Eu ouço com freqüência: - Como vc está bem!! Eu eu digo que minha maneira de agradecer a Deus pelo presente que me deu é ter resignação, aceitar, sorrir e enfrentar tudo isso de peito aberto. Sou uma pessoa de muita sorte e vivo com o amor da minha vida.
Pra finalizar, em qual estágio está seu tratamento da doença?
Atualmente estou na quimioterapia, de 16 sessões eu já cumpri 12, estou na fase de aplicações semanais que vão até dia 10 de setembro. Essa fase de quimioterapia é para tentar reduzir o tumor e assim ter chances de escapar da mastectomia radical (perda da mama). Meus médicos dizem que o tumor que era palpável e tinha 6 centímetros, aparentemente sumiu. No entanto, meu problema é receptor de hormônio e por isso as chances do tumor voltar são grandes, então deverei cumprir todo o protocolo do tratamento, que inclui cirurgia em outubro com esvaziamento de axila (pois há nódulos malignos também nas linfas – axila), 30 sessões de radioterapia e algumas sessões de fisioterapia para o movimento do braço. Todo tratamento deverá ir até a segunda semana de dezembro. Estamos esperando isso ser definido pelos médicos para marcarmos nossa Lua de Mel. Após finalizar esse tratamento mais pesado, eu deverei tomar um anti-hormônio por 5 anos, para evitar que o câncer volte. Nesse período eu ficarei em menopausa induzida, por isso, não poderei ter filhos. Tenho muita fé que eu já estou livre da doença.