segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Mania de Viajar - Programa de Estudo a dois


Abrir mão da rotina de trabalho ou dos estudos no Brasil para fazer um programa de intercâmbio, convivendo com outras culturas e aprendendo um novo idioma, são alguns dos motivos que estimulam a procura de cursos no Exterior.

O site de compras coletivas ClickOn identificou a tendência e há um ano e meio inclui viagens de estudo no portfólio. “Só no ano passado foram comercializadas 250 viagens nesta modalidade. A grande vantagem são os preços. É possível encontrar pacotes para San Diego (nos Estados Unidos) que custam a partir de R$ 1.000”, afirma Carolina Torres, diretora comercial da empresa.

Especialistas apontam o intercâmbio de casais como uma das grandes tendências para o mercado. “Antes, essa experiência de viver no Exterior e aprender um novo idioma era procurada apenas por jovens solteiros, mas hoje está havendo uma grande demanda por parte de casais querendo fazer um intercâmbio”, aponta Fernanda Zocchio, diretora de operações da Experimento Intercâmbio Cultural.


De acordo com estatísticas das agências especializadas no segmento, a procura de pombinhos por viagens de estudos cresceu cerca de 30% em relação ao ano passado. E a tendência é de que aumente pelo menos 20% em 2014.


Desde 2012 a CI disponibiliza pacotes (sem cursos) sob medida para curtir a dois: o chamado Mochilão Romântico. O roteiro contempla França, Suíça e Itália, incluindo quatro tours turísticos, além da cortesia de entrada na Torre de Montparnasse, em Paris, com direito a taça de champanhe.


Para aprender um idioma, os programas funcionam como os intercâmbios convencionais. A diferença está somente na acomodação e na carga horária das aulas, de no máximo 30 dias, para conciliar com as férias. O nível de proficiência do casal não precisa ser necessariamente o mesmo, pois ambos passarão por prova de avaliação no idioma.


Geralmente, os viajantes que optam por esse tipo de roteiro são jovens de 25 a 30 anos que precisam aprimorar-se na língua rapidamente ou fazer curso no Exterior para incrementar o currículo. Fernanda Zocchio explica que a maioria dos casais procura unir o útil ao agradável, aliando aprimoramento profissional com a viagem de férias. É por isso que, além de acomodação e curso, os pacotes incluem opções de passeios para quem deseja dar ares de lua de mel à experiência internacional.


Assim como ocorre em intercâmbios entre adolescentes, os destinos mais procurados são cidades cosmopolitas, explica Luiza Vianna, gerente de produtos da área de cursos da CI. No caso dos adultos, a viagem para aprender idiomas pode combinar visita à sede de empresas em Houston, Nova York e San Francisco, nos Estados Unidos. “Há também a possibilidade de eleger destinos mais inusitados com foco em férias, como estudar espanhol em Playa del Carmen, no México”, afirma.

Uma ou duas camas?
Foi-se o tempo em que estudantes brasileiros fora do País tinham de dividir quarto com desconhecidos ou se adaptar à rotina de famílias locais. Com a grande demanda de viajantes enamorados ou casados, as escolas firmaram parcerias com apartamentos estudantis, estúdios e acomodações privativas com cozinha equipada.


Mas Luiza explica que a maioria dos estudantes ainda se hospeda em casas de família, mesmo que isso possa comprometer a privacidade do casal. “Isso ocorre por conta do custo-benefício. Tudo depende de quanto o casal está disposto a investir na viagem.”


A dica dos especialistas é a de que até casais com igual nível de proficiência e hospedados no mesmo quarto procurem se misturar com outros colegas intercambistas para aproveitar ao máximo o contato com os locais e não cair na tentação de conversar em língua portuguesa. A não ser que a viagem de estudos seja apenas uma desculpa para fugir da rotina doméstica.

‘Voltamos ainda mais unidos’
Quem nunca viu uma relação amorosa se dissolver porque um dos envolvidos passaria temporada fora do País? Entre terminar ou esperar o outro retornar, muitos escolhe a primeira opção. Mas começa a crescer o número de casais que optam por viver a experiência internacional juntos.


Foi o caso da jornalista Tainah Fernandes, 24 anos, e do publicitário Vinícius Zumpano, 29, que embarcaram juntos para viagem de um mês na Europa. “Foi maravilhoso. Na época, já namorávamos há três anos e meio e morávamos juntos há dois, Mas o último ano havia sido muito difícil, pois a mãe dele morreu. Então, a viagem foi um momento muito especial, de descanso daquele ano tão triste. Voltamos ainda mais unidos”, conta Tainah.


Com o idioma mais avançado, o casal optou por estudar em Londres apenas 15 dias e depois viajar em esquema top deck, espécie de excursão que inclui transporte e estadia com roteiro livre em cada cidade. “No grupo, só havia pessoas que falavam inglês. Então, ainda deu para praticar bastante durante essa fase da viagem”, afirma a jornalista. Além de Londres (Inglaterra), eles estiveram em Munique (Alemanha), Amsterdã (Holanda), Lauterbrunnen (Alpes Suíços), Paris (França), Verona e Veneza (Itália) e em Barcelona (Espanha).


“Nos hospedamos em muitos hostels e em vários momentos ficamos em quartos separados. Mas foi tudo bem para uma primeira viagem, já que ficávamos o dia todo fora e só íamos para o quarto dormir. De todo modo, é melhor optar por hostel com quarto só para dois”, aconselha.


A secretária Byanca Galante, 30, e o marido, o comerciante Ricardo Simões, 43, também aproveitaram as férias para incrementar o currículo. A cidade eleita pelo casal foi Chicago, nos Estados Unidos.


A primeira opção era Londres, mas sairia muito caro manter a viagem pagando em euro. Além da cotação do dólar, Chicago ganhou a preferência devido à vida noturna agitada e por reunir as facilidades de uma metrópole.


Byanca aproveitou muito bem a estada em território norte-americano e dá dicas para quem planeja seguir seu roteiro: “Ainda que o casal tenha o mesmo nível de idioma, é bom que os dois se dividam para conversar em inglês em turmas separadas. É melhor deixar para namorar só à noite e estudar durante o dia.” Outra dica da secretária é optar por fazer o curso intensivo. “Quem já está acostumado com o ritmo de trabalhar fora todos os dias nem vai se incomodar com a alta carga de estudos”, opina.

Convívio diário ajuda a fortalecer a relação
Uma viagem em casal pode mudar para sempre a vida dos pombinhos, como um pedido de casamento. O jornalista Alexandre Sinato, 30 anos, pediu a mão da noiva Tathiane Faria, 29, durante curso de idiomas na costa Oeste da Austrália.


“A experiência foi inesquecível. Passamos, por exemplo, 15 dias viajando e ‘morando’ em um minimotorhome na Nova Zelândia; exploramos bastante a Austrália; fomos ao Japão assistir ao Corinthians no Mundial de Clubes e passamos duas semanas na Indonésia. Somos totalmente favoráveis ao intercâmbio”, relata Alexandre.


O casal alerta que a empreitada mais longa contém fatores que podem desencorajar os viajantes, como custos, saudade de casa, distância da família e a impossibilidade de conciliar uma pausa tão grande no emprego. “Mas no fim das contas, sempre vale muito a pena. A gente sempre diz que estudar fora do País é ainda melhor se for com moradores locais, porque aí você aprende não só o conteúdo do curso, mas também a cultura do lugar. E, como casal, também é uma lição nova. Enfrentar todos os obstáculos juntos, dividir viagens e todas as boas experiências é algo impagável.”


O cupido também fez toda a diferença na viagem da gerente de marketing Auana Monteiro, 28. Ela programou intercâmbio de um mês com o namorado para a África do Sul. Juntos há sete anos, eles fecharam o pacote com um ano de antecedência, mas terminaram o relacionamento três meses antes da viagem. “Como o pacote já estava fechado, falei que não iria desistir de ir. Então, decidimos manter a programação”, conta Auana.


Durante a viagem eles acabaram se reconciliando e hoje moram juntos. “Recomendo muito essa experiência. Ir com meu namorado fez com que ficássemos unidos em diversas situações, tanto boas quanto ruins, e por estarmos em outro país, isso acabou fortalecendo a união; nos ajudou muito no convívio diário. Acho que todo mundo, antes de casar, deveria viver essa experiência”, aconselha.


A viagem de intercâmbio também fortaleceu o casamento da jornalista Karina Gomes, 31, e do gerente comercial Carlos Beluzzo, 32. “Nossa relação começou com amizade e lá (em Vancouver, no Canadá) fortalecemos isso também. Passamos a ter muito mais cumplicidade, já que o outro é a pessoa mais próxima de você naquele lugar tão novo. A convivência diária mostrou quando era momento de recuarmos ou de estarmos mais unidos”, afirma.

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