Matéria que encontramos na Tribuna da Bahia por Camila Paranhos
Os meninos Rafael, 10 anos, e David, 6 anos, estão entre as poucas crianças que podem festejar o Dia dos Pais em dobro. Criados pelo casal Milton Carvalho e Israel Campos, Rafael e David sempre encontram ajuda na hora de comprar os presentes. "O padrinho de um dos nossos filhos foi com ele para comprar os presentes pra gente", diz Israel.
A adoção aconteceu quando o professor Milton, 49 anos, ainda era solteiro. "A ideia nasceu de um desejo de ser pai, de cuidar e amparar uma criança", afirma o professor, que ainda acrescenta que não encontrou maiores problemas na justiça na época por ter sido solicitada uma adoção monoparental, já que ainda não estava com o companheiro Israel, 23 anos.
Juntos há 3 anos, Milton e Israel ainda não oficializaram a união, mas pretendem fazer isso em breve. Primeiro Israel quer oficializar a adoção das crianças e ter as mesmas responsabilidades que Milton, apesar de já ser provedor dos meninos.
A educação dos filhos
O maior desafio para Milton foi o de cuidar dos filhos. "Não é fácil, pois esse é um arranjo familiar novo... exige equilíbrio constante e uma observação grande sobre a educação que se dá", relata.
São 4 homens em casa, "é muita testosterona!", se diverte Israel. Por isso, o casal procura sempre dosar a lei paterna com o amparo materno. "Tentamos ser pães!", complementa.
O preconceito
Educados para perceberem o mundo na sua diversidade e totalidade, Rafael e David sabem que o amor é o principal elemento para uma família feliz. "Há discussão aberta em casa. Eles sabem que são adotados, sabem que tipo de família têm e conversam sobre isso sem problemas, inclusive tratam disso com amigos já com naturalidade", explica Milton.
Milton ainda afirma que eles nunca sofreram preconceito explícito pelo tipo de família que têm. "Sofrem mais por serem negros, pois vivem numa sociedade bastante preconceituosa, ainda que com maioria negra", finaliza.
Já Israel conclui dizendo que “o casamento civil para pessoas do mesmo sexo foi uma grande vitória... dando visibilidade às famílias homoafetivas e, com certeza, fazendo com que as pessoas repensem seus preconceitos”.