quinta-feira, 29 de agosto de 2013
Mania de Casal - Terapia de casal e sexual. Diferenças e benefícios
Discussões no relacionamento, crise dos sete anos ou de todos eles, ciúmes, infidelidade falta de diálogo e uma mesmice no casamento são algumas queixas comuns na clínica de psicologia, que surgem naturalmente entre os casais e fazem parte do complexo e intrincado universo da vida à dois. Em algumas situações a solidão e o isolamento sustentam uma angustiante sensação de infelicidade.
Ainda alvo de muita resistência, este tipo de intervenção psicológica é constantemente associada ao fracasso, pois o casal não admite que não consiga resolver seus próprios problemas e com isso sente-se constrangido em relação aos amigos e à família. O conflito vivido pelo casal é subjugado, acreditando-se que divergências vão se resolver naturalmente, o que não acontece. Além disso, a terapia de casal é considerada como um atendimento que separa o casal, o que é irreal. Este tipo de terapia propicia uma reconstrução no relacionamento, criando um espaço de diálogo e a aproximação entre duas pessoas que muitas vezes não se encontram e não conversam nem quando dividem a mesma cama.
O terapeuta pode ajudar a reafirmar o vínculo no relacionamento, clarificar os aspectos que incomodam e em alguns casos a separação é entendida como uma escolha plausível. Mas a própria terapia pode facilitar uma separação harmoniosa e tranquila, em que o término da relação não precisa ser de brigas e desavenças. Terapia de casal não é salvação para se evitar o divórcio e tampouco separar o casal. Ela fortalece as escolhas, permissões e o encontro entre duas pessoas que possuem uma história juntos.
O grande benefício da terapia de casal e esclarecer aos parceiros que o relacionamento não deve aniquilar a singularidade do outro e nem sucumbir as individualidades, afinal, é importante que as pessoas tenham autonomia e que não vivam atrelados às regras equivocadas do amor romântico, aquele que impõem aos amantes que vivam como uma única pessoa, que não existe felicidade sem a presença do outro e que a existência amorosa está condicionada a este relacionamento. O amor deve ser livre, sem impedimentos, exigências, imposições e idealizações. O amor primeiro é aquele que acontece em você. É a valorização de si. O amor que cria dependência não é satisfatório e causa muito sofrimento para quem o experimenta desta maneira. Não existem modelos a serem seguidos, mas de fato, existem aqueles que devem ser exorcizados, a começar pelos papéis e funções definidas entre homens e mulheres e que segregam a relação. A verdadeira união dos amantes acontece quando os propósitos são construídos juntos e que os interesses pessoais não sucumbam o do outro.
As queixas mais comuns são infidelidade – inclusive a virtual – brigas e discussões, discordâncias sobre a educação dos filhos, dificuldade financeira, problemas de relacionamento com a família, falta de respeito e de desejo sexual. Existem casos em que o casal se relaciona bem sexualmente, mas apenas desta forma. A vida social é penosa e triste. A falta de perspectivas e de crescimento na relação torna o vínculo sexual simplório e o único elo de satisfação. O afeto não se mantém e o conflito é iminente. É primordial o casal não deixar muito tempo passar para buscar ajuda e orientação. O sofrimento deteriora emocionalmente as pessoas e postergar a dor só causa mais angústia.
Muitas vezes terapia de casal é confundida com terapia sexual pelo fato de trabalhar conflitos no casal e o envolvimento sexual entre eles. Este tipo de terapia possui como objetivo propiciar uma discussão e a compreensão do desejo, entender sobre as próprias vontades e permitir-se ao prazer. A sexualidade é alvo de muitas repressões. Com isso o desejo, o prazer e o corpo sofrem as consequências de limitações e conceitos opressores que impedem as pessoas de serem felizes e viverem plenamente suas potencialidades sexuais.
Seja a de casal ou sexual os benefícios são prósperos e satisfatórios para quem procura estas terapias. Muitos mitos são rompidos e resignificados. Entre eles o mito do amor eterno, que não existe. O amor deve ser cuidado e cultivado entre o casal, mas a crença de que o sentimento será o mesmo do começo da relação é ilusão. Passado o arrefecimento da paixão e o furor do sexo a realidade deve sustentar esta relação, o prazer e a felicidade devem vigorar, mas saber lidar com o abrandamento do prazer é importante para que as pessoas não vivam sempre com a inebriante sensação do começo da relação ou frustrados porque algo está diferente. O convívio faz com que a relação se torne real e não apenas fantasioso. Deve-se conquistar todos os dias o amor do outro e não se acomodar. O mito de possessão também é desmistificado porque ninguém é objeto de ninguém, logo, não devemos viver uma relação amorosa com pretensões de que o outro nos pertence, fazer o que quiser com ele ou achar que a relação será eterna. Respeitar e procurar conversar sempre que houver dificuldades vão dando a tônica da relação e alicerçando o casal. O estigma da perfeição é outro mito que devemos combater porque ninguém é perfeito e nenhuma relação está isenta de tropeços e quedas.
(Breno Rosostolato, psicólogo; professor na Faculdade Santa Marcelina)
Fonte: DM
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