“Aparentemente muitos casais preferem discutir seus conflitos pessoais na consulta e não em sua intimidade”. A fala é da Dra. Paula Fettback, médica especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington. Segundo ela, a falta de diálogo e o estresse são os fatores que mais prejudicam o bom andamento dos tratamentos de fertilidade. Pesquisas mostram que 25% dos casais abandonam o tratamento precocemente devido ao impacto psicológico. Aproximadamente dois em cada cinco casais (39%) mencionam aumento do estresse e da tensão em seus relacionamentos, 42% dos homens e 26% das mulheres.
“É importante que o casal vá ao médico com um objetivo comum. A divergência entre os pares é o que causa grande estresse e angústia ao longo dos procedimentos de reprodução humana”, observa. A experiência da especialista mostra que, para alguns, ter um filho é até mesmo uma forma de tentar resolver conflitos no relacionamento. “Isso não funciona. Já vi casais que se separaram depois que o filho nasceu, pois viram que não era o que precisavam para se entender”, alerta. Durante os tratamentos, é comum que a mulher fique sensível por conta da medicação que repercute diretamente em seu nível hormonal. Por isso, é tão importante contar com a compreensão do parceiro nesses momentos.
Casal precisa dividir responsabilidades
De acordo com a Dra. Paula, muitas pacientes costumam catalisar a responsabilidade de não engravidar, mesmo quando a causa da infertilidade é masculina. Essa sensação é fruto de uma cultura que, no passado, culpava exclusivamente a mulher por não conseguir ter filhos e, infelizmente, isso ainda pode ser verificado em alguns casos. Na verdade, se o órgão estiver em boas condições, o sucesso da gravidez será determinado pela qualidade das células reprodutivas envolvidas na fertilização.
Erros e dicas para casais em tratamento
Um erro comum de algumas mulheres é parar com todas as atividades rotineiras para se dedicar exclusivamente ao processo de reprodução assistida. “O que percebo é que as pacientes que fazem isso, que interrompem sua dinâmica por conta do tratamento, costumam apresentar muitos problemas emocionais”, ressalta a médica. Para que o desgaste psicológico não aconteça, elas devem procurar harmonizar o processo com as questões de trabalho, a vida em casal e social. As atividades intelectuais também ajudam muito a distrair a mulher das pressões que o tratamento possa causar.
Além dessas dicas, o aconselhamento psicológico em casal ou individual pode evitar que o homem e a mulher venham a entrar em crises graves. A Dra. Paula percebe que esse tipo de alternativa tem sucesso e diminui o estresse do casal. Ainda de acordo com ela, os casos mais delicados podem exigir uma intervenção psiquiátrica com medicações para auxiliar a lidar com o processo. “Fazer atividades extras de lazer, se dedicar ao exercício intelectual e contar com a ajuda de um terapeuta podem suavizar as pressões do tratamento”, reforça a Dra. Paula. “O mais importante é que o casal procure se apoiar mutuamente”.